SERÁ O FIM?

Está mais triste, silencioso e desolado,

O que era um belo pico, uma montanha altaneira;

Porém o que se vê agora é um imenso descampado,

Como um terrível escalpo de descarnada caveira.

Aquela que outrora era “mãe dedicada”,

Que dos “filhos” cuidava com zelo e afeição,

Transforma-se hoje em impiedosa madrasta, e malvada

Tapa os ouvidos, moucos ouvidos a choros e lamentações.

O berço natal da poderosa e egoísta mineradora

Sossegado dormiu, nem o som das bombas o despertou;

Assustado ante um cenário de realidade aterradora

Vê-se em apuros e se pergunta: a fonte secou?

Em tempos distantes, décadas de outrora

Pelas terras drummondianas muito se ouviam

Lendas, contos, causos; dos antigos a estória

Que muitos contavam e poucos compreendiam.

Dizia-se por aqui que terrível e assustadora serpente,

Descansada e tranquila dormia sob o peso da serra,

E que quando do torpor acordasse o estranho vivente

Logo viria o fim, sinal de morte para a terra.

“E agora, José”, e agora, amada e adorada Itabira?

A toda poderosa conquistou-te, pomposamente te desposou;

Com o tilintar de moedas, de dólares e muitas liras,

Comprou-te o amor, engravidou-te e gulosamente te devastou.

Vamos ficar aqui, lágrimas de sangue debulhando,

Igual a órfãos sem teto, a esmo perambular,

Ou descerrar a garganta, soltar o grito bradando,

Sem contentarmos com nojentas migalhas que restaram?

J. Mercês

12.5.15

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 31/05/2015
Código do texto: T5261179
Classificação de conteúdo: seguro