Chamas!

Quando todas as certezas já ficaram sem chão,

Quando todas fortalezas se expugnam os vãos,

quando todas as belezas encontram seus nãos,

quando todas as riquezas se revelam lixões,

quando todas as grandezas se afogam em ilusões,

quando todas as soleiras refazem seus condões

quando todas as videiras cultivam outros pendões

e esplêndidos trigais semeiam farturas de pão!,

é preciso ter fé: na vida, no homem, que acalenta

outras fomes, por incógnitos caminhos se embrenha,

reinventa novas senhas,

acalenta boas sanhas, e apronta nobres sonhos

prenhes de vivas chamas de novas vidas,

sóbrias manhas, férteis semeaduras

das mais fortes sãs ternuras,

todas veredas consagradoras de novas lutas,

novos fatos, novos traços, novas faces,

novos laços, novos amanhãs!

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).

Luiz Carlos Flávio
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 01/06/2015
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