SOCIAL

Social

Às vezes, sinto falta do meu rosto cravado no espelho da consciência;

Às vezes, sinto náuseas quando ouço o sopro das palavras;

Às vezes, prefiro a hipocrisia de dizer que sou hipócrita; isso me faz bem, sim, muito bem.

Há momentos que me basto; não preciso de ninguém. Qualquer ser humano seria expulso de minha sala.

Sala por vezes escura;

Sala por vezes úmida;

Sala por vezes calada;

Sala por vezes feliz.

Sala fétida, nojenta, ciumenta, assassina, cândida, cheirosa, dengosa, santa - profana sala d’alma!

Eu sou o centro da sala onde todos falam e se calam; onde o meu viver é o refino de minhas tripas.

- Ah, que saudade de minhas amigas, minhas raparigas!

- Dane-se o mundo inteiro!

- Eu sou eu!

Ando nas ruas com meus pés; não preciso do teu.

Ando nas ruas com meus olhos; a luz do dia não te imploro.

Ás vezes alegro me com o teu sorriso.

Às vezes recordo-me das canções da infância.

Às vezes aperto tua mão e sinto paz n’alma.

Isso me acalma;

Isso me faz bem.

É como os sinos de Belém, à meia noite, tocados na Igreja dos Jesuítas perto da Francisco Holanda.

Vejo um rio que corre para todos; vejo almas que se unem-cada uma trás uma flor na mão; todos tem uma esperança; todos tem uma criança.

Às vezes sinto falta do meu rosto infante cravado no espelho das horas...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 05/06/2015
Reeditado em 29/07/2017
Código do texto: T5266917
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