O olhar do espelho
Corria tão desajeitada
Aquela perna estranha
Parecia desengonçada
Mas, de certo era ela!
Sempre se achou assim
Sentia-se fora de contexto
E, agora, ali estava a prova
Aquele espelho imenso
Não poupava ninguém!!
Quanto mais se aproximava
Mais desacreditava
e então, surpresa estancou!!
A imagem do espelho.. se contorcia
E mostrava o corpo gelatinoso
Era como ser ‘amoeba”
Ali riu umas risada dentuças
A orelha minúscula crescia
Ao mover-se para os lados
Se transformava em orelhões
Despontados e molengos
A barriga era um prato fundo
Que se equilibrava entre as mãos
De dedos gordos nas pontas
E aquele cabelo hiper na moda
Elevados como ondas de mar
E pontas de suspiros
Os olhos ora grandes, ora esticados
Pra cima ou pra baixo era espetáculo
Riu-se tanto, que achou a vida boa
Ali naquele momento... congelado
Rodou, pulou, dançou e superou...
Aquela estranheza de si fugiu
E ela amou aquele espelho
Que a fez feliz, quem diria!
Um espelho que produz alegria