Quando minha Alma Goza

Pelas coisas que perdi por causa da preguiça;

Pelas coisas que não vi acontecer por causa do comodismo;

Pelas lágrimas que derramei por ser jovem demais e não ter percebido

Que finais tristes são mais frequentes que os felizes e

Pela fraqueza de encenar o papel do coitadismo;

Pelas cicatrizes que colecionei (e sigo aumentando a coleção)

Ao longo desses meios anos;

Pelo amor que já ardeu-me o peito, atordoou-me os sentidos e depois

Só acabou, foi embora;

Pelas caras quebradas - fruto de minha teimosia e altivez;

Pelas coisas que saíram mais erradas do que certas,

Mais feias do que belas;

Por essa vida de gente de verdade:

De gente que sangra,

De gente que não tem dentes tão brancos,

De gente que já se frustrou,

De gente que já perdeu o sono por ansiedade,

E de gente xinga quando tem raiva;

Por tudo isso e umas outras coisas, as vezes

Fecho os olhos e lembro...

Lembro de muitos, lembro de lutas,

Lembro lutos, lembro de tudo.

Eu lembro.

Abro os olhos, as vezes úmidos,

Olho para o teto, miro para o nada.

Daí vem-me a sensação de alívio: ora, passou!

Então inspiro e expiro...

E o expiro é, mais que expiração:

Quando aquele ar sai com força dos meus pulmões,

O que sai junto é um Grito de alívio

E uma oração sem palavras feita pelo meu espírito.

Depois de uma breve odisseia silenciosa,

Aquele ar saindo com força dos meus pulmões,

É quando minha inquieta Alma finalmente goza.

Kelly Rodrigues de Sousa
Enviado por Kelly Rodrigues de Sousa em 01/07/2015
Reeditado em 02/07/2015
Código do texto: T5295533
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.