Pungente Questão.

Senhor,

Por que esse turbilhão interior me consome,

Essa encruzilhada de Hamlet,

A suma dúvida paradoxal:

A sabedoria ao achar que sei quem sou,

Se sábios sabem quem não sou?

A ignorância ao saber quem não sou,

Se tolos inventam quem sou?

Ser plácido, apático e de alma plangente,

A imaculada voz silente,

De corpo descansado,

A viver a infinita espera da provisão dos céus,

O simples querer sem causar, sem nada fazer?

Ser revolto, heroico e de alma idônea,

A veemente voz insurgente

Que empunha lança e espada,

E luta, em favor da turba, pelo direito,

Pelo certo e que deve ser feito,

Sofrendo a constante pugna

Provocada ao poluto soberano?

Se aquietar consentirei a fraqueza,

A certeza de que nada será mudado,

Viverei meus dias pérfidos,

Nos relhos, atormentado no profano espírito.

Se gladiar serei minoria,

Os hesitantes continuarão passivos,

Serei ao exílio condenado,

E morrerei em causa do meu nobre espírito.

No remate resta edificar acanhadamente

Apenas a singular parte,

A carga em morte-vida

Dos meus leves fardos,

Minha fantasiosa e irrisória contribuição.

E esperar o grito sufocado,

Observando de baixo

O planar das dominantes águias,

A digna consciência, presa e duelo do momento,

Imperiosa aos inocentes, covardes e descrentes,

E à invejada mazela batizada poder.

Jorge Duboc
Enviado por Jorge Duboc em 05/07/2015
Reeditado em 20/05/2021
Código do texto: T5300916
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.