Infelizmente

Eu não queria ser uma página

cansada,

perdida,

empoeirada

na estante

como tantas outras

palavras

Eles tanto falam,

mas o que eles têm

são alguns minutos de atenção

meras letras

que sacodem corações

e expiam

no eterno esquecimento

Não sou um número

não corro

as quatro e quinze

da manhã

para pegar o ônibus

e me entorpecer de serviço

e obrigações

Sou um grevista da vida

um universitário

de ideias vencidas

copiadas de mentes brilhantes...

acadêmicos pensantes ...

do século XIX

Mudo pelas ruas

em seus carros estressantes

eu dizia

"nunca profanarei

meu ideais"

Hoje eu sou um poeta

da esquina

as pessoas passam

nada deixam

eu passo

e esfrio o ambiente

em minha mudez

na cidade capital

Não queria ser

apenas...

uma tese discutida

uma ideia refutada

em uma chopada qualquer

jamais pensei

em estar sentado

na sarjeta

cheirando o álcool

dos automóveis

Nem queria estar

lançado no sofá

me perguntando

por que as escolhas

doem tanto

mas escolho

não tenho volta

sou a escolha

e a história

sou mais que uma palavra

na estante

sou menos que um frase

na boca de domésticas

e de garis

Sou pleno e sozinho

uma página sombria

World Wilde Web

Sem trechos precisos,

sem lida

Felizmente vivo

(In)felizmente isso é bom

?

Josué Viana
Enviado por Josué Viana em 11/07/2015
Reeditado em 11/07/2015
Código do texto: T5307908
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