Despojos do dia

É este todo meu

aceno cordial deixado

ali gotejando pouco

a pouco

uma ténue e desesperada

recordação inscrita

numa alma morrendo

debilitada

É este o sentir

do tempo em soerguimento

onde nos exilamos

resvalando poesia quase

lacerando meu coração

intolerante

memorizando no futuro

todas as respostas errantes

num curto intervalo onde

justificámos cada pensamento

ali embuçado

juntinho a todo o despojo do dia

que migra fulgurante…alvoraçado

É aqui

onde pernoita o espólio

dos meus silêncios

que embebedo estes poemas

com palavras de afecto

trazendo-te a noite

em fantásticos clarões de amor

cessando todo trágico eco

que se debruça, soluçando

em flagrante esplendor

Vamos repartir entre nós

este gomo de luz que engravida

nossas escuridões de vida

Vamos imiscuir-nos

no tempo com todas

as nossas exalações de paixão

monitorar o Universo com

palavras trajadas de lembranças

perfeitas

rugindo a cada sopro de vida

sincero e escrutinador

Desfez-se nos ventos

aquele tornado de paz

onde sequiosos adormecemos

nossas aparências discretas

mendigando ao despojo do dia

a total invasão de todos os teoremas

onde matematicamente legalizamos

não mais (in)diferenças

não mais (in)vencibilidades

não mais i(m)possibilidades

nunca mais (in)conformismos nem vulgaridades

apenas a demora nos instintos

quando assim nos entregamos entrelaçados

respirando só de desejos…famintos

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 21/10/2015
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