Poema Filosofico n2
Mundo, vasto mundo,pego do meu degredo
Onde entre acasos aflora o desencontro
Ocaso de carne,do espírito abismo,
Labirinto de frustradas esperanças.
Para os sonhos caros e o ermo do encontro
Reino onde a potencia agoniza no aborto
E a graça pouca e o contentamento pouco
Consolam o ser inflamado e louco
Tua fome e dos míseros mortais a ganância
Valida a esperteza e triunfa a inconstancia
Desenha na busca o ser dos mundos apartado
Quanto de positivo achado de si se ignora
As mãos em oferta convulsas se esbatem
Nunca desvelamos aos sóis oasis que fartem
Jamais infinita de alta ventura é a hora
Na sofreguidão sempre em detritos a felicidade
Nosso folgar manco,coxo e incompleto
Alenta o ideal ignorado e secreto
Que vãs exigências não permitem confessar.
Da carne os gritos, contorções de esperteza,
Cada qual vantagens busca e todos em miséria
A rir-se da desgraça, o Eu sempre em ausência
O vicio nos comove e amamos a chaga feia
Encobertas com flores artificiais de tolos valores
Entes da razão que aviltamos com demência
A aurora improvável do mundo das virtudes
Nosso manto escarrado e puído diz beatitudes
Nossa carne a vertigem cede do rir convulso
A ocasião adversa raras vezes doma o pulso
Chora dos insensatos as feridas da inocência.
Mas eis surge o amor em graça forte
Ledo gosto, mas grão do que pudera ser,
Aos zéfiros da paz a fortuna arrebata
Com lisonjas semi-falsas a ufania de viver
Caso antigo, mundo antigo, de tantos singrados,
O amor vê a cegueira fatal dos entes
E dentre o caos se insinua e viça encontros
E as primaveras acordam do imo contentes.