Corra Para as Montanhas, a Barragem Rompeu!

Sangra a terra,

Perfurando montanhas,

Invadindo entranhas,

Em tuneis sem fim,

Formigueiros gigantes,

Sucumbindo diante,

O desrespeito ambiental,

Data de muito tempo,

Desde o tempo da coroa,

Esta atividade imoral,

Que cobra seu preço em sangue,

Outrora escravos chicoteados,

Hoje trabalhadores assalariados,

Todos com o mesmo fim,

A morte por afogamento,

Jaz o minerador na lama,

Que o cobre como uma manta,

Concretando seus sonhos,

Onde corpos dormem,

Num sonho sem fim,

O que antes ficava debaixo da terra,

Aflora na nossa tela,

Trazendo a imagem da dor,

Onde curte ou comenta,

O Co-incentivador,

Destes grandes acionistas milionários,

Que compram o Judiciário,

Financiam os Deputados,

E idealizam novas leis,

Que atendam sua demanda,

De extração desenfreada,

Sem as técnicas necessárias,

Desrespeitando a vida ambiental,

Pobre povo ribeirinho,

Tendo seu alimento contaminado,

Sua casa soterrada,

Por dejetos minerados,

Seus filhos arrancados,

Seus animais soterrados,

Condenados pela ganância alheia,

A um sofrimento sem igual,

Bento Rodrigues, Mariana,

Corram para as Montanhas,

A barragem da Samarco rompeu,

Junto com os rejeitos minerados,

Água, lama e sangue inocente,

Expõem para o Mundo inteiro,

A vergonha ambiental sem precedentes,

Das Minas Gerais do Brasil.