MINERAÇÃO

MINERAÇÃO

Na mineração,

cidades e lugares começam,

crescem, evoluem, morrem, desaparecem...

Cuiabá, Corumbá, Ouro Preto, Diamantina,

Carajás, Serra do Navio, Serra Pelada

foram vilas-cidades arquitetadas

sob o fio das minerações

efetivadas desde o Brasil colonial

ao período atual.

Atualmente, a cidade de Pontes e Lacerda

vem sendo içada

como a mais “nova Serra Pelada”.

Lá a “homarada” investe nos sonhos

de conquista do “novo eldorado”, do ouro sonhado...

Já Bento Rodrigues, distrito de Mariana,

se encontra enlameada, soterrada

na maior tragédia protagonizada

pela exploração da mineração em Minas Gerais...

Explorando a terra,

os homens se aferram a diversas febres:

de ouro, diamante, esmeralda, ferro,

manganês, alumínio.

A mineração comporta assim

o poder de traçar sinas, destinos

e movimentos que afinam geografias

do trabalho e da exploração,

de sobrevivência e acumulação.

Envolve populações e interesses de classes da Nação

dando prumos aos esquemas de consumo

nos tempos e eventos da globalização.

Das terras onde a mineração impera,

sempre se esperam riquezas.

Mas, muitas vezes, com sua consumação

se enterram e desenterram outros defuntos:

tempos, espaços, esperanças, almas, vidas

que tornam a corrida da mineração

o lugar do êxito e da riqueza,

mas também do êxodo e da perdição!...

A mineração tem sido lugar

da criação e da dissolução

de sonhos e modos de produção

que dão vezo às conquistas e à servidão

de homens e natureza, presos que estão

às dinâmicas capitalistas de acumulação...

(Luiz Carlos Flávio)