CORRENTES E SERPENTES
CORRENTES E SERPENTES
Trago em meu peito correntes
do medo de viver intempestivamente,
perigosamente.
Trago em meu peito uma serpente
Que me amarra,
Mas por vezes me desgarra
da corrente do medo...
Trago em meu sorriso um segredo
de quem só ri para fingir que não tem medo.
Para fingir que não quer pedir arrego...
Trago em meu fazer
o dever de portar essa expertise:
vivo dominado por correntes,
mas me afago todos os dias
em cantigas de serpentes.
Estas verdadeiramente
me livram da crise:
me ensinam a fingir que jamais
hei de quebrar e me livrar,
furtivamente,
fugindo repentinamente
das intoleráveis correntes
que prendem minha vida,
minha mente, aos medos
de correntes e serpentes...
(Luiz Carlos Flávio)