AULA DE DEMOCRACIA (ADOLESCENTES DA REBELDIA)
Um governo havia
que, averso à democracia,
reiteradamente reproduzia,
contra o povo que conduzia,
atos de tirania.
As políticas que assumia
espalhavam todo dia
por todo espaço que se via
apenas atos de vilania
Em toda política que o governo fazia
ele calava ou até matava
qualquer possível cidadania
para dar azo à política
que casa com oligarquia.
Tal governo sempre queria
ratificar com ironia
a histórica mania
de mandatários que tripudiam
sobre o povo que muito chia,
mas vive amargando agonia
sem cogitar novos dias.
Desse modo, o governo vivia
iImpedindo o povo de ter valia
ou tecer atos de rebeldia
contra as políticas e políticos
que só governam com tirania
para enriquecer oligarquias.
Todavia, chegaram dias
em que adolescentes, com valentia,
exigiram uma nova política-guia
que de suas mãos então brotaria.
Pois eles agora se erguiam
e ocupavam ou invadiam
espaços que lhes pertenciam
mas que lhes negava, todavia,
o Estado da tirania...
Tecendo e quebrando correntes,
mergulhados em sintonia,
aqueles bravos adolescentes
inebriados de inefável porfia
passaram então a reinventar
toda a história e geografia
agora postas de um modo novo
que o povo daquele estado
até o momento não conhecia.
Muito instados, os adolescentes,
com inusitada galhardia,
contagiavam muita gente
as quais passavam rapidamente
a empunhar conjuntamente
com os referidos adolescentes
as bandeiras que exigiam
uma outra forma-guia
que arrastasse aquele Estado
da tirania à democracia.
O governante não queria
que tais atos de rebeldia
inebriassem com energia
a toda gente do Estado.
Adotou então a política
de mandar toda a polícia
para aplacar e dominar
os adolescentes rebelados.
Todavia, de modo eloqüente,
quanto mais a polícia batia
naquelas crianças-adolescentes,
mais elas contagiavam
outras novas correntes
a lutar pela bandeira
de um Estado mais decente.
Como num conto de fadas ou magia,
aqueles adolescentes
demonstraram naqueles dias
que, com atos de rebeldia,
plantaram e deixaram à vista
como se conquista cidadania.
Naqueles dias,
o governante da tirania
engoliu sua eterna mania
de governar pensando apenas
no bem das oligarquias.
E, morrendo de medo
do movimento que lhe tirou o sossego,
aos heróicos adolescentes
o governante pediu arrego.
Os adolescentes, de modo decente,
naqueles dias assim venciam
o governante da tirania.
E tinham muito ensinado
a toda a gente daquele estado
que uma política de cidadania
só se conquista na porfia.
E assim aqueles adolescentes
deram assento à prelazia
de uma escola com jeito novo
que trata o povo com mais valia.
Essa história que anuncio
eu assim resumiria:
os adolescentes, naqueles dias
nos deram essa aula oportuna:
quando o direito do povo se esvai
é importante que a gente se una
para lutar e correr atrás
dos objetivos almejados.
Somente de braços dados,
em movimentos solidarizados,
a gente vence a tirania
e se desfaz da oligarquia.
Somente assim, enfim,
quando a gente corre atrás,
a gente planta cidadania,
a gente faz democracia...
(Luiz Carlos Flávio)