Não a Liberdade

Liberdade. Algo desejado por muitos, sonhos de anarquistas e revolucionários,

O cair da aurora te revela, revela em teu seio o limiar daquilo que os homens ignoram: a espera. Ou seria a esperança? A fecundidade ou a tenacidade? A dor ou a calmaria?

Liberdade, palavra cantada em verso e prosa, declamada em sarais e canaviais, escrita por donzelas em seus diários escolares, pelos pedreiros em suas obras, aquelas inabitáveis pelos tais,

Livre ou liberto és tu doce acalanto dos incultos e descalços, livre és no cais dos desesperados, um conforto em meio ao suplicio.

Dia e noite me inebrio de ti, de tua alma feminina, de teus pelos pubianos, de seus lábios carnudos e férteis de umidade,

Recuso-me a cantar ou escrever um hino ao não,

Não a liberdade dos poetas, não a liberdade daqueles cuja pena dorme no cinzel, a liberdade dos libertários,

Recuso agora e sempre, ter meu sangue encoberto de miséria e lamentos.

Porque escrever um poema dissoluto, amargo e sem termino? Por que escrever para os loucos um canto de eternidade, se os mesmos nada entenderão? Por que me fazer poesia em meio à violência das madrugadas e manhãs corrompidas pelos marginais do primeiro escalão?

Não sei, se tu sabes um fim plausível, algo que possa encantar as almas das crianças de MARIANA, SÍRIA entre outros lugares, escreva-me, pois minha poesia parece estar prestes a me trair, e a traição de um poeta nem mesmo DEUS para perdoar, visto o mesmo romper com a suavidade contida nas plumas da alvorada nua e descalça.

Não a liberdade, era para ocupar os meandros do HD humano, mas ela ousou sair de seu confinamento, mesmo por curto espaço de tempo, tempo suficiente para ser degustada pelas almas da pessoas tristes, alegres e incompreendidas.

De minha parte te absolvo por ser desobediente, te absolvo por ser minha eterna luz, cujas lembranças aos poucos serão misturadas ao desejo dos imortais, como aqueles que aspiram voar além do crepúsculo, além dos amores, como eu e você.

Beto Filo