Bobo da corte

Busquei a inspiração pelas montanhas

Como o pastor buscou a ovelha perdida;

Mas, errei entre plantas muito estranhas,

Até dariam fogo, uns montões de lenha,

Mas, não a brasa que aquece minha vida...

Olhei até mesmo debaixo da minha cama,

Vai que a matreira me quis dar um susto;

Sequer, menor sinal da sua criativa chama,

A qual, embelezar à vida tem como lema,

Penso, me abandonou; mas, a crer, custo...

Quiçá fumantes passivas de meus poemas,

que sorvem “en passant”, fumaça eventual;

furtaram-na tentando ver o homem apenas,

como seria o poeta despido de emblemas,

tiraram o espinafre, pra ver o Popeye real...

De repente a porta abriu e surgiu a menina,

Com luz radiante desfazendo o lusco-fusco,

A alma, a poesia, sensibilidade, luz, a retina,

criatividade, beleza, quanta coisa, feminina,

é meu reino disse; quando te quero, te busco...

Sempre me soube, servo, não foi novo o norte,

Sou o copeiro da rainha enchendo a sua taça;

Pensei ser, digo, mas, li errado a minha sorte,

Na verdade, o poeta é apenas o bobo da corte,

Num reino feminino, onde, a beleza é a graça...