Animal Noturno

Sou um animal noturno

De pelo ouriçado e pouca sutileza

Me esgueiro pelos becos

Faminta de tudo

Cheia de solidão

No breu da madrugada

Meu momento

Onde me acho e me perco

Onde sinto e sou

E sigo,

Em liberdade por onde quero

Ando devagar

Sutil, vagarosa

Sempre a espreita

Serena e bruta na beleza da contradição

De papel e caneta na mão

A esparramar emoções depois da zero hora

Não demoram as palavras

Saem grossas,

Com raiva

Engolidas a seco com um gole de vinho qualquer

Guardadas, em silêncio enquanto a noite desce o véu das estrelas

Sou eu, intensa e viva

Na noite inquieta

Companheira dos bêbados e vagabundos

Dos gatos nos becos

Do silêncio da rua

Do cachorro que uiva

Na noite escura

A espreguiçar-me entre pensamentos

Porque de fato, enxergo melhor no escuro

Lamentando por um sono que não vem

Lamentando por aquilo que não tem

Enquanto a chuva espanca a Janela

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 11/01/2016
Código do texto: T5507345
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