Verniz

Alheia destreza que não infrói nem diminói,

Desfila para que eu adore deuses de bosta;

não uso aplaudir feitos que nada contribói,

respeito o bastião que está lá e disso gosta...

Nem aí se dá asas a skate, à moto ou, bike,

tampouco se um guia sua bola com um GPS;

sou bem seletivo antes de clicar o meu like,

é noutro fogo que minha chapa se aquece...

Mesmo esses meus mal traçados arranjos,

São somente digitais, do talento eu duvido;

Poderia escrever tal qual Augusto dos Anjos,

E ainda viver, como se fosse um anjo caído...

Não que seja refratário ao que se faz ou, diz,

Apenas, que, essência do ser é mais que isso;

Talento herdamos sem mérito, só um verniz,

O caráter devemos construir, esse, é maciço...