Pobre, mas, limpinho

E os homens saem pras ruas

Quebrando pedras, por pão;

Alguns até escolhem as suas,

Mas, a realidade nua e crua,

Oferta migalhas, não, opção...

Aí, o que tem pra hoje, pego,

se tem nada, me pega a fome;

mas, sempre encaixo meu lego,

o negócio, que o ócio eu nego,

quem não fizer isso, não come...

Sigo até que essa sina me deixe,

Se o Fado me der, lugar ao sol;

Por hora, essa luz, parco feixe,

Pior os que saem pedindo peixe,

Por falta de jeito pra usar anzol...

Dignidade, o melhor pé-de-meia,

Reserva segura, perigo não traz;

Claro, sina podia ser menos feia,

uns descem do ouro para cadeia,

eu guardo trastes, durmo em paz...