Um brinde a antítese de uma metamorfose ambulante

Domingo à noite.

Uma taça com vinho.

Ao fundo o som das gotas da chuva tocando a superfície ecoa suavemente para dentro do recinto que estou.

Cá estou a pensar o que se passa lá fora, aqui, dentro dos meus eus.

Adjacente a mim vejo livros, objetos necessários, outros que às vezes preciso, outros ainda que estão apenas ocupando espaço e que a mim nada tem a acrescentar; observo coisas que não me pertencem, que foram deixadas de lado como se deixa um amor, que é vil, que não merece mais apreço.

Diante de mim fito imagens, momentos, lembranças, força, amor, incentivo, humildade, passado, presente, futuro, agora, sempre.

Olho para as quatro faces de um quadrado e vejo coisas jogadas em um canto, sentimentos em outro, sensações no próximo, e por fim incertezas e vislumbramentos.

Dentro dessa figura geométrica paira a bagunça! Bagunça essa que sou eu, que até o momento não tem solução, quiçá a minha bagunça seja minha organização.

Estou e sou incoerência e organização.

Um brinde a antítese de uma metamorfose ambulante.

Neuton Belchior
Enviado por Neuton Belchior em 07/03/2016
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