29 DE ABRIL (AOS PROFESSORES DO PARANÁ)!

Gás lacrimogêneo, balas,

caminhão d’água, polícia batendo!

Porrada, cacetetada, garganta atada,

multidão esfacelada, espancada

de um modo sem igual,

na alma, no bolso, na moral!...

Helicópteros jogando bombas!

A praça gritando, tremendo, gemendo!...

Professores sangrando, correndo

pra qualquer lado

de um inimigo horrendo

patrocinado pelo dinheiro do povo:

o povo surrado que sustenta o estado...

1º de abril: dia da mentira...

29 de abril: não é mentira não!

É dia sacramentado pelo sangue

que, exangue, esvaído, rolou no chão

de um povo abatido, estrangulado

e que, tal qual o Paraná,

hoje sangra, envergonhado!

E, nesse dia, um governo hitlerianizado

foi juramentado para ser cassado

por ter imposto o fado

da dor que propagou por todo o estado

e comeveu o país e outros países

por que surrou, sem dó ou piedade,

quem tem por arma

apenas palavras e alguns gizes...

Em 29 de abril a mente se abril!

O país parou, porque as vísceras da vergonha

se abriram pela solidariedade e sanha

por uma verdade que, infelizmente,

com muito nojo, se revelou:

não é de hoje, no país e no Paraná,

que sofre, apanha e sangra o professor...

Aliás, essa pergunta não cala

quando o professor, neste estado sem vergonha,

irá parar de apanhar e ser surrado,

sendo continuamente tratado

com balas e bombas

que não deixam cessar

a nossa vergonha?...