A perda

O amor esse bichinho mui peralta,

Que salta ante nós e desaparece;

Esquece de ensinar como esquecer,

de como fazer sofrer, não esquece...

O amor, essa dor que, nos anestesia,

Premia o bilhete e nega seu prêmio;

O gênio que guarda aos três pedidos,

gemidos d’um dia, duram um biênio...

O amor, essa busca que sempre foge,

O hoje entortando, todo nosso porvir;

Haurir um pouco o que muito se anela,

Ela ignorar o que sabe nos fazer sentir...

O amor, a busca insana que nos perde,

O verde dos olhos, seca nossos sonhos;

Medonhos rumos, sem ele assombram,

jardins, privados dele, ficam tristonhos...

O amor, uma mescla doida de bem e mal,

Sal que adoça, açúcar, que faz amargura;

Altura a qual escala a criatura mais lerda,

Só uma perda, que todo mundo procura...