ANTI-DEMOCRACIA, ANTI-CIDADANIA

Democracia, no Brasil,

se esbarra em uma visão senil.

Esta faz voltar, volta e meia, a um tempo vil

no qual a “Casagrande” se espelha

para enquadrar os atuais “cidadãos-escravos”

e mandá-los às novas atuais senzalas...

Em tal política da Casagrande,

o povo do Brasil pouco ou nada fala.

E quase nunca consegue alcançar, para gozar,

uma cidadania plena, varonil!...

Na cidadania historicamente forjada,

a gente do Brasil foi considerada

mão de obra sempre servil

a ser apenas explorada...

Povo expulso da terra.

Povo fadado ao golpe,

mandado à guerra.

Povo que levou porrada.

Povo sem direito à cidade.

Povo migrante, lançado à estrada.

Povo sem direito noite e dia

à boa velhice,

à infância, à juventude

à educação, à saúde,

a qualquer cidadania...

O povo, no Brasil,

foi fadado a uma tal serventia

em que, por tudo que encerra,

só serve, mesmo,

como no passado servia,

a um trabalho feito a esmo, escravizado

para dar luxo e gozo ampliado

à famigerada e ordinária burguesia

urbana e agrária!

E pela decisão de tal elite,

o povo amarga até hoje, em riste,

a condenação a permanecer na ante-sala

de uma Nação vadia

onde só se vê recrudescer,

em grandes escalas,

volta e meia de novo,

a fala de geografias

que lançam o povo

nas valas da anti-democracia,

da anti-cidadania...

(Luiz Carlos Flávio)