REBELIÃO

Quando as leis não falam

das vontades do povo,

ou só exalam linguagens

que o povo calam,

o povo não se abala,

não se conforma com a ação

que pensa instaurar formas de calação

no seio do povão!...

As leis e linguagens

que querem que o povo se cale

na marra, na vara, na bala

agem em vão e se entalam

na lição dada pelo povão.

É que, diante de tais leis,

como sempre fez,

o povo não se resguarda ou se acovarda

não se amortece, não se cala!

Ao contrário do que a lei versa,

aí é que então o povo se apetece

para encarar com garra

e então barrar a situação!

Quanto mais a lei fala,

aí é que então o povão

menos se cala...

E mil linguagens instaura

nas ruas, igrejas, escolas, bares,

redes e territórios operários

para tecer cenas e paisagens

em que a não conformação

desfazem as leis que se varrem

por entrarem em plena corrosão.

Pois, face às falas

pelo povo instauradas,

as ruas da cidade, da Nação

viram redes tradutoras

do fogo, da fome, da sede

em que o povão faz engrenar a ação

de efetivar a mais incontornável pulsão

pela mais plena e inarredável

rebelião!...

(Luiz Carlos Flávio)