Introspecção
E assim quando ela parte
mergulho nas águas desta solidão tão escura
uma pátria somente minha onde me vejo
e repenso
alojando-me entre o real e o irreal
entre o ser e não ser
para não ter de sentir o mais terrível
sentido da vida
E assim
Quando ela parte
tudo em mim se apaga como um facho
derrama-se o sangue da minha voz
nas
paredes
desta página
brancamente feroz
murmurando a mim mesmo
entre as páginas do meu inevitável desassossego
o grito que me prende à angustia da sua ausência
............................................................................................
Tudo em mim ascende como na morte
tudo de mim se levanta e corre
pelos campos de uma antiga e não realizada infância
Verde sorrio e alegre me deito
para condensar este sentimento despertante
nas lentas palavras do suave vento
................................................................................................
E onde paira então essa face
quando o meu corpo desce do Sol
para ser homem e mortal
novamente?
Por onde os caminhos à Lua se encontram
quando a noite é fria e o negro se encobre?
Que ouço então dizer
na voz parada de uma visão
intocável
sem rumo
ou traço?
E afinal
de que falo tanto eu
quando de nada falo?
Não posso dizer.....
Porque então a minha cabeça se acende milagrosamente
desfazendo-se depois no fogo
que me ocorre
e mata
Não tenho como escrever numa só caligrafia
as incompletas e informuladas realizações
do constante incêndio da minha
voz