O Incriado

Tu, amada ideal de meu peito

Que canto por cantar, ao leu imenso,

Sem saber que corações possuirás

Nem ao menos se chegaras aos ouvidos.

Poesia tentativa,eternamente abortada

Amor naufrago na senda do talvez

E sobre o arco roxo das auroras

A hora pensa imensa e aproveitável.

É sempre assim!O ideal fácil morre

Cede ao fogo lisongeiro e grácil

Da realidade palpável em seu limite

Habitada de transitoriedade e morte.

Pois a flor da vida deve cessar,

Extinguir,corromper-se o influxo,

E a saga fatal que absorve

Todo louco esforço e zelo e morte.

Precipitar-se em desconhecidos abismos

Assim como ardente seiva voraz

Que nos rege as fugidios lampejos

Seus deslumbres breves e suas fontes

Tantas vezes ignora a realização.