O GEÓGRAFO
Nãotenho em mim
todos os conhecimentos do mundo.
Entretanto,
encanta-me tudo o que vejo
pelos quatro cantos
da invariavelmente desnuda,
porém emblemática, enigmática terra.
Não domino os sentidos
de todas as paisagens,
seus signos reais, concretos,
ideais e imaginados,
estáveis e instáveis,
por isso mesmo,
nem sempre expugnáveis.
Contudo,
Persisto em saber
os reais significados de tudo:
os visíveis e invisíveis
que se entalham e conflitam,
ao tempo em que embaralham
nossos contumazes olhares.
Persisto em averiguar as
humanas e naturais inscrições
que, aceleradamente,
tudo metamorfoseiam:
solos, ares, águas, vidas
envolvidas estas
num eterno transformar
e que, por isso mesmo,
tornam também eterno,
o meu ininterrupto exercício,
nada fixo ou estável
de tudo na terra buscar
ligar e envolver,
num árduo, mas agradável
eterno geografar.
(Luiz Carlos Flávio)