Passagem do Tempo

Morte dos dias,lento agonizar do templo,

Meu punhal desrespeita as leis da cortesia,

Meu olhar tange a tua nádega erradia

Espectro espancado,masturbado exemplo

De como a vida a si mesma, no seio

Amplo de florações de carne esperneante

Se corrompe,rosa sombria do instante

Que sem cessar os rumos do mar golpeiam.

Quanto obtemos é jubilosa memória

Chama flava de gratissimos batalhões

Do ígneo rito de nossos corações

Vitoria de beijos, estatura de gloria.

Quanto perdemos é nossa continua

Agonia de cinzas do tempo falido,

Desespero acre que a boca descontinua

Jorra em prato do peito esquecido.

Nos reste enfim,do tempo nas passarelas,

O deleite à memória de havermos vivido

Prato da alma,de aves e rosas guarnecido

Do azul nas douras, encasteladas cidadelas.

Quanto luto desmesurado por querelas!

Quanto gesto vivente de ar atrevido!

Rompe em júbilos, coração partido,

Toma partido no amplo cortejo das belas!...