poema que habita

poema que não habita o grito

mesmo que em silêncio

nunca será ouvido

poema que não habita bares com conversas regadas a batatas murchas e cervejas chocas

mesmo que em bibliotecas particulares

nunca será declamado por bêbados ao fim da noite

poema que não habita a rua

mesmo pichado nas paredes brancas de um prédio público

nunca estará presente nas palavras de ordem de um revolucionário

poema que não habita o outro

mesmo escrito sob corpos suados do pós sexo

nunca se arreganhará diante de um livro aberto

poema que não habita a palavra

que não habita o poeta

que não habita os olhos alheios

mesmo com vários prêmios e aclamações públicas

nunca (em hipótese alguma) será tido

como cria da poesia

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 14/06/2016
Código do texto: T5667210
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