Poeta Indeciso

Pensei no que escrever

Sem qualquer exatidão,

Nas páginas de um livro velho

Que carrego de antemão.

Talvez um conto ou crônica

Eu trouxesse a superfície.

Mas, meus personagens ficaram muito grandes

Para tamanha babaquice.

Quem sabe haikai?

Tão simples e pequeno!

Não. Meus versos estão malvados

E cheios de veneno.

Queria mesmo poetizar

Sobre qualquer amor de verão.

Se essa coisa toda não fosse pra cinema,

E meu coração de carvão.

Vou tentar a poetrix.

Moderna, eu diria.

Se não deixasse tudo por um tris

E nada como eu queria.

Um soneto! Bem pensado!

A cantiga dos amantes.

Velho, arcaico, antiquado

E que rimas irritantes!

Amasso mais um papel.

Um bando de palavras vadias,

Fogem de trova, discurso e cordel,

Berço de minha agonia.

Melhor mesmo é dar uma volta,

Encarar o velho mar.

Ali no vai e vem das ondas,

Poesia maior não há.

Ladra de Tinta Seca
Enviado por Ladra de Tinta Seca em 16/06/2016
Código do texto: T5669563
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