Poeta Indeciso
Pensei no que escrever
Sem qualquer exatidão,
Nas páginas de um livro velho
Que carrego de antemão.
Talvez um conto ou crônica
Eu trouxesse a superfície.
Mas, meus personagens ficaram muito grandes
Para tamanha babaquice.
Quem sabe haikai?
Tão simples e pequeno!
Não. Meus versos estão malvados
E cheios de veneno.
Queria mesmo poetizar
Sobre qualquer amor de verão.
Se essa coisa toda não fosse pra cinema,
E meu coração de carvão.
Vou tentar a poetrix.
Moderna, eu diria.
Se não deixasse tudo por um tris
E nada como eu queria.
Um soneto! Bem pensado!
A cantiga dos amantes.
Velho, arcaico, antiquado
E que rimas irritantes!
Amasso mais um papel.
Um bando de palavras vadias,
Fogem de trova, discurso e cordel,
Berço de minha agonia.
Melhor mesmo é dar uma volta,
Encarar o velho mar.
Ali no vai e vem das ondas,
Poesia maior não há.