Estranhos

Estamos tão esquisitos no mundo

Reajustamos nossos relógios

Sempre com pressa e com pouca direção

Correndo, indo e voltando

Superficiais para todos e para qualquer lado.

Estamos sempre às vésperas de explodir

Sempre dividindo o tempo, quando acreditamos que na verdade estamos multiplicando

O dia nunca parece ter fim

E quando termina parece que foi insuficiente

Toda segunda feira é grilhão

Decepção

Mesmo quando tem sol na janela

Somos as nossas piores versões

Sedentos no meio do caos

Somos metade de tudo, inteiro de nada

Estamos doentes, alimentando a ilusão de progresso.

Nos matamos, para não morrer

Resumimos a prosperidade em questões materiais

O sucesso virou alguns cifrões a mais na conta

E somos infelizes, que buscam saciedade no conforto competitivo do consumo.

Perdemos a sensibilidade

Já não somos capazes de perceber as flores que nascem e morrem

O inseto que pousa e voa

O dente-de-leão que flutua quando bate o vento e viaja longe

Somos o descontrole total

Mantendo a pose de evoluídos

Matamos sonhos

Os nossos e dos outros

Temos quase nada de empatia e respeito

Mas nos sentimos ofendidos todos os dias.

Arredios

Agressivos

Intolerantes

Aplaudindo as tragédias que ecoam nos jornais.

Estamos tão estranho no mundo

Que sinceramente

Eu não sei como ele nos aguenta.

Charlene Angelim

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 04/07/2016
Código do texto: T5686985
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