Túmulo Órfão (02 de novembro)
Hoje, mais uma vez, é meu dia
E novamente tu não viestes me ver.
Bastaria apenas uma vela,
Uma lágrima, uma lembrança.
Antes, festa, risadas,
( o mundo dos vivos).
Hoje vivo esperando tua visita
E tu nunca vens.
Sempre perdoei outros esquecimentos:
O telefonema, o dia do aniversário,
O elogio pela roupa nova, pelo perfume exagerado.
Mas esta data não: este esquecimento não tem perdão!
Obviamente, passei pela primeira, segunda e terceira idade.
Mas dessa, não passo mais...
Então porque tu não passas aqui?
A solidão de um morto, neste dia,
Ressuscita, fica latente, é quase uma dor.
No túmulo ao lado, lágrimas, abraços, flores, lembranças.
E eu aqui, recebendo o abraço do musgo
Que cobriu meu jazigo.
Estar em um túmulo abandonado, é morrer duas vezes,
Como aconteceu com Lázaro,
Mas meu nome não consta no Evangelho,
Não está na lista de milagres!
Então faças tu este milagre: venha me ver.
Te carreguei no colo em procissões,
Rezei junto a tua cama, de joelhos,
Quando ardias em febre.
Hoje é meu dia, mas parece que tu és o finado, o ausente.
Saibas que todos os dias estou ao teu lado,
E tomo conta de ti.
Neste dia, sou que peço a Deus,
Que tu, apesar de inúmeras ausências,
Descanse em paz.