Túmulo Órfão (02 de novembro)

Hoje, mais uma vez, é meu dia

E novamente tu não viestes me ver.

Bastaria apenas uma vela,

Uma lágrima, uma lembrança.

Antes, festa, risadas,

( o mundo dos vivos).

Hoje vivo esperando tua visita

E tu nunca vens.

Sempre perdoei outros esquecimentos:

O telefonema, o dia do aniversário,

O elogio pela roupa nova, pelo perfume exagerado.

Mas esta data não: este esquecimento não tem perdão!

Obviamente, passei pela primeira, segunda e terceira idade.

Mas dessa, não passo mais...

Então porque tu não passas aqui?

A solidão de um morto, neste dia,

Ressuscita, fica latente, é quase uma dor.

No túmulo ao lado, lágrimas, abraços, flores, lembranças.

E eu aqui, recebendo o abraço do musgo

Que cobriu meu jazigo.

Estar em um túmulo abandonado, é morrer duas vezes,

Como aconteceu com Lázaro,

Mas meu nome não consta no Evangelho,

Não está na lista de milagres!

Então faças tu este milagre: venha me ver.

Te carreguei no colo em procissões,

Rezei junto a tua cama, de joelhos,

Quando ardias em febre.

Hoje é meu dia, mas parece que tu és o finado, o ausente.

Saibas que todos os dias estou ao teu lado,

E tomo conta de ti.

Neste dia, sou que peço a Deus,

Que tu, apesar de inúmeras ausências,

Descanse em paz.

Alexandre Lettner
Enviado por Alexandre Lettner em 11/07/2016
Código do texto: T5694391
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