O facho

Às vezes nos pesa um, Olá! sonegado,

sofremos o drama que não aconteceu;

queremos asas, e é pro passo do gado,

seria insano voar num céu tão minado,

quem aparou nossas asas nos socorreu...

Há tantos amputados por tais bombas,

por voarem à toa, ignorando ao perigo;

recusam ver a simplicidade das pombas,

mesmo que as rotas fiquem mais longas,

desviam do sujo, sensatez é seu abrigo...

Não que veja a franqueza com desprezo,

ser livre é bom, mesmo ao risco do lixo;

é só o parco facho reflexivo, ainda aceso,

vendo que a própria liberdade é um peso,

se, em lugar do homem, soltamos o bicho...