Soneto de separação – Excerto e Reflexões

“De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama”

- V. de Moraes. (Inglaterra, 1938)

Apressa-se tudo que um dia vem, para o longe. Ir longe.

O nada é tão longo e o tudo sempre fugaz e efêmero.

Mas sempre há sinais. E é possível colhe-los em falange.

Muitos expressam e poucos o dizem. Sinto em exagero.

Brilho comum, cada vez mais raro. Esvai-se com o dia.

Esvai-se com o descuidado, com o desleixo, o abandono.

E não é um abandono desmedido. É distanciamento lento.

A prioridade já não é. Os minutos poucos, ainda que alegria.

Até deixar de ser. Até que a chama intensa em cinza apague.

E restem vestígios, e reste saudade e dor, e depois disso, história.

Até que sozinho se lembre de que um dia teve quem o afague.

Então nem a derme sinta mais o toque, e distorça a memória.

Então, o que era pequeno se tornará imenso, tão gigante!

E o sentimento ao final se extraia e se converta em saudosismo.

Convença então do caminho tão certeiro e sempre errante.

Por isso, eu dizer hoje que o amo. Certamente amanhã

[não se tornará eufemismo!

10.08.16 - https://youtu.be/nHsp3mqOUHE