"Entre aspas"

Ao contrário do que muitos pensam,
Quando sofremos por conta
Dos golpes duros da vida,
Não nos tornamos nem mais fortes,
Nem imponentes,
Apenas um pouco mais resistentes
E por que não dizer, mais temerosos,
Que os demais seres viventes...
Criamos ao redor de nós mesmos,
Uma casca rígida, dura e protetora,
Que eu, certo ou errado,
Denomino como fuga
E, que, "entre aspas",
Deveriam nos impedir de cair,
Ralar os joelhos
E se machucar novamente...
Engana-se quem pensa que,
Uma vez que,
Tornemo-nos "protegidos"
Por essa imensa redoma,
Estaremos isentos e livres
De carregar dentro de nós,
Cicatrizes e marcas terríveis,
Que feito chagas não curadas,
Vão nos atormentar
E nos acompanhar no decorrer
De nossa existência e longa jornada...
É que, ao passo que essa casca nos "protege",
Ela nos torna, dela, dependentes,
Transformando-nos em seres
Covardes, sós e egoístas,
Meros sobreviventes...
Seres que, por um medo de sofrer,
Se engaiolam em seus próprios mundos,
Se afastam das emoções da vida
E privam a si mesmos de conviver
Com quem verdadeiramente os ama...
Não, ela não nos faz firmes, fortes nem felizes...
Ela apenas nos enche de mágoas e lamento,
E nos obriga a encarar a vida,
Sem os óculos de sonhos e vento
E a vegetar no universo e no tempo,
Como um enorme vazio no peito,
Sem vestígio algum de sentimento...
Aliesh Santos
Enviado por Aliesh Santos em 17/08/2016
Reeditado em 17/08/2016
Código do texto: T5731236
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