A valsa dos desconformados.
Perdido no compasso do descompasso, atônito
Fazendo do silêncio e do frio do solstício
Abrigo à minha alma vaga desmoldada de virtudes
Aquecendo o facho minúsculo do meu ser com uma dose
Dose de ser, de descompromisso, desafeto e uísque
Sem mais ligar pro que não me convém
Só para o que me faz melhor, sem rotina, cinema, voz ou medo
Sonho ou pesadelo vivo sem rótulos
Não autorizo o querer dos outros para mim
Seria melhor cair ao esquecimento
Do que dar valor para o que não se sabe o sentido de valor
Denodando ao meu desprestígio sem falsa modéstia
Sem moléstia, sem mentiras e sem migalhas;
Vamos ostentar a desvirtude do povo que gira em prol de tostão
Que se sucumbe às regras que lhe são impostas
Por imposição divina ou medíocre...
Vou blasonar o meu suicídio diário
Uma vez que morro todos os dias de tédio,
Do assédio e da confusão do que o “certo” se opõe
Vou me opor ao governo e a qualquer madre-superiora
Vou declarar guerra ao fracasso que sucesso inventou
Vou viver, rever, suscitar e ressuscitar
Vou dançar a valsa dos desconformados
E atear fogo em quem for contrário a minha vontade
Por um dia, só por um dia, por fração de segundo
Vou explodir a terra e subir ao paraíso no último minuto
Rindo, feliz e realizado - “ossos em brasas pra sapecar meus pinhões” -.
Mais uma dose de uísque vagabundo pra brindar com os anjos