A valsa dos desconformados.

Perdido no compasso do descompasso, atônito

Fazendo do silêncio e do frio do solstício

Abrigo à minha alma vaga desmoldada de virtudes

Aquecendo o facho minúsculo do meu ser com uma dose

Dose de ser, de descompromisso, desafeto e uísque

Sem mais ligar pro que não me convém

Só para o que me faz melhor, sem rotina, cinema, voz ou medo

Sonho ou pesadelo vivo sem rótulos

Não autorizo o querer dos outros para mim

Seria melhor cair ao esquecimento

Do que dar valor para o que não se sabe o sentido de valor

Denodando ao meu desprestígio sem falsa modéstia

Sem moléstia, sem mentiras e sem migalhas;

Vamos ostentar a desvirtude do povo que gira em prol de tostão

Que se sucumbe às regras que lhe são impostas

Por imposição divina ou medíocre...

Vou blasonar o meu suicídio diário

Uma vez que morro todos os dias de tédio,

Do assédio e da confusão do que o “certo” se opõe

Vou me opor ao governo e a qualquer madre-superiora

Vou declarar guerra ao fracasso que sucesso inventou

Vou viver, rever, suscitar e ressuscitar

Vou dançar a valsa dos desconformados

E atear fogo em quem for contrário a minha vontade

Por um dia, só por um dia, por fração de segundo

Vou explodir a terra e subir ao paraíso no último minuto

Rindo, feliz e realizado - “ossos em brasas pra sapecar meus pinhões” -.

Mais uma dose de uísque vagabundo pra brindar com os anjos

Tite Beserra
Enviado por Tite Beserra em 01/09/2016
Código do texto: T5747506
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