Andejo
 

Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Antônio Machado  


Estradas são boas para serem cruzadas
e se saber aonde não se ir.
Suas margens são certas
para providencial descanso,
se sombra houver.

Mas o desembaraço dos seus vãos fartos desatina;
e enfadam as suas paralelas
que só no infinito se dissipam.
Os seus faróis queimam os olhos,
roubam o breu cogente
a se espreitar a luz que abrolha.

Gozo mesmo é o descaminho,
o atalho que alicia.
Só na escarpa há equilíbrio e impulso
para penetrar o ainda recôndito.

Também não se perambula:
carece de ter rumo, prumo e parcas certezas.

A rodovia é que se perde em outra,
precisa, leva a rês a todas as romas.