A Vitrine

Quem vê a minha carne transparente

E pode admirá-la por um tempo

Encontrará objetos para sua luxúria

Como quem admira a uma vitrine

Verá a alma em liquidação atraente

E o coração em promoção barata

Descobrirá um espírito sem uso

E relíquias de uma mente rara

Caso procure com cautela

Encontrará no fundo da estante velha

A pechincha de uma beleza seminova

As últimas unidades de minha juventude

Achará a última moda dos sentimentos

E se por fim quiser levar tudo a vista

Ganhará como brinde o resto do poeta

Tudo pela metade do preço.