O VENDEDOR DE BALÕES

Não tem como alguém

ser conhecido rapidamente

escrevendo poemas.

Tem de haver resistência

insistir na beleza

vencer a dormência.

Persistir diante da ignorância mais ferrenha

aquela que não vê nem o sol nascer.

Então podem me perguntar

Por que continuar?

Qual e a razão de continuar então?

Não há resposta, não há razão.

Continua-se porque não há outra opção.

Só há a paixão que persiste.

Paixão em pensar e arranjar

as letras os sons e os ritmos

um adorno no pensamento

que causa sensação de contentamento.

É por isso que permaneço

Vendendo balões que se vão ao vento

Às vezes eu me vejo olhando

As linhas dos meus poemas

Como se fossem o horizonte

E meus pensamentos vão

são como os balões

soltos subindo.

Qual razão para se vender balões.

Como os poemas não há razões.

Como os poemas só existem balões

Porque há crianças que os querem

E choram quando os vêem indo embora.

Todo poeta é um vendedor de balões.

Transparentes ou opacos

Grandes ou pequenos

em forma de cão ou de gente

Os poetas fazem coisas

que não tem porque existir.

Mas por existirem tiram risos de nós.

Em uma dança bela de verdades e mentiras

Leva-nos onde mora o desejo.

Que sobrevive espalhado em tiras.

Porque os sorrisos e as lágrimas

Podem ter causa, mas não tem como.

Ocorrem sem mais ou porem.

É o soro da verdade.

Retira das faces

as mascaras da falsidade.

Mas não é para isso que eles existem

Existem pela necessidade

que o homem tem

de ser criança, ingênua e livre

correr sem abrigo e sem medo

e no curto momento de fantasia

se sentir vivo e vivendo.

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 11/10/2016
Reeditado em 11/03/2017
Código do texto: T5787983
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