ARREBOL

Ferve o caldeirão no fogão à lenha de Dona Sofia.

Pareço que vivo histórias que meus avôs contariam,

Próximos a uma lareira,

Numa noite escura e fria.

Veja a que pontos chegamos:

Discutem ética deturpando a verdade,

Ou deturpam a ética estuprando a verdade,

Ou somos todos um bando de bocós.

A quem interessa a ignorância?

Quanto se lucra com ela?

O nirvana do Poder...

A estupidez de todo ser.

Somos todos iguais assim:

Debatemos o que perdemos,

Ao invés de planejarmos o que queremos.

Um mórbido ciclo a caminho do fim.

Tome a hóstia da purificação,

No fim, o que se quer mesmo

É apenas mais uma dose

Da doce ilusão da autojustificação.

Pobres plebeus que sonham utopias.

São nobres guerreiros, anônimos na História.

Pobre burguesia que troca dinheiro por poder

E não percebem que a degradação está no ser.

Tempo, para se discutir o elementar,

Enquanto traças corroem a honra.

Senhores das trevas de uma guerra sem par.

Silenciosa e triste; uma grande Matrix.

Mas entre os muitos dormentes,

Transforme a indignação que sente

Em uma força que te leve a ver,

Que a tão sonhada mudança

Vai exigir mais de você

Do que de qualquer outro ser.

BH 19/03/2016