ATO DE ESCREVER
olho 10s para a tela branca do bloco de notas
onde o poema se escreve
e paro! penso
mãos sempre ficam cansadas
quando se empunha um lápis de cor preta
e desenha o corpo esguio do texto
[olhos sempre são complexos de contornar]
é que talvez
o ato de escrever numa segunda de manhã
seja meramente falta
da falta do que fazer
como a quebra do silêncio onde
nunca se ouve
ou a elipse proposital dos artigos indefinidos
meramente num encaixe estético
pois efêmero é o ato de se fazer existir
por achar que pensar
valida o sentido da compreensão do todo
daquilo que realmente é essa coisa que ousamos
precipitadamente e
talvez-muito-provavelmente-e-pretensiosamente
chamar de poesia