ATO DE ESCREVER

olho 10s para a tela branca do bloco de notas

onde o poema se escreve

e paro! penso

mãos sempre ficam cansadas

quando se empunha um lápis de cor preta

e desenha o corpo esguio do texto

[olhos sempre são complexos de contornar]

é que talvez

o ato de escrever numa segunda de manhã

seja meramente falta

da falta do que fazer

como a quebra do silêncio onde

nunca se ouve

ou a elipse proposital dos artigos indefinidos

meramente num encaixe estético

pois efêmero é o ato de se fazer existir

por achar que pensar

valida o sentido da compreensão do todo

daquilo que realmente é essa coisa que ousamos

precipitadamente e

talvez-muito-provavelmente-e-pretensiosamente

chamar de poesia

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 31/10/2016
Código do texto: T5808626
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