lúcido

Não sou nada.

apenas sinto na alma

a alma de todas as coisas

janelas abertas do meu quarto,

ruas que dão para o mundo,

encruzilhadas do meu pensamento

a umidade das paredes da solidão

uma escrivaniha no espaço devido

me divido entre ela e a cama

fim de semana atravesso a rua

é o mais longe que posso ir

João, José, Maria bom dia

é tudo que tenho a dizer

em vez de escrever me percebo

lúcido como se fosse morrer