64
Sou poeta de poemas ruins
Aqueles que ninguém lê
Como um artista de rua
Que ninguém quer conhecer
Sou como um poço
Onde ninguém sabe onde vai dar
Se é muito raso
Ou fundo demais para chegar
Alguns observam meus movimentos
Como uma apresentação de balé
Mas poucos sabem
Que eu não danço em pé
São em silhuetas
Composições
Assim como os poemas
Péssimas canções
Mas que me fazem bem
Me fazem melhor
Esquecer um pouco do ódio do mundo
E quem sabe dormir só
Não ganho nada com isso
Nem um tostão
Mas é algo que me faz sentir importante
Faz bem pro coração
Pois deposito as mágoas
As aflições
As tragédias
E decepções
Aquela de ter perdido um amigo
De ter perdido um irmão
Ter perdido quem ama
Ou alguém que me despertou emoção
São fases da vida que aprendemos a lidar
Pequenos desafios
Que mesmo sendo difíceis
Nos fazem acreditar
Que você assim como eu
Pode ser e será maior
Que qualquer dor
Que qualquer mal
E quem sabe um dia
Quando estiver deitado
No meu último suspiro
Eu grito venci calado