MANIAS

Era tão cheia de desinências

que não conseguia encontrar-se

plena em nenhuma declinação...

Talvez tivesse que repensar

essa mania de flexionar-se,

de fragmentar-se pelo mundo

sem ponto de inflexão!

Conjugava-se em largos pretéritos

com sede de particípios presentes

que colorissem futuros ausentes...

Quebrou o verbo em tantos pedaços

que o tema ardente da vida,

abandonado por seus morfemas,

sangrou em carne viva!

Despencou-se em doentias diacronias;

perdeu-se em afixos peregrinos

e expirou em versos alexandrinos...

Perdeu o ritmo dos pés da poesia;

louca, vociferou em trágicos jâmbicos,

até cair em cômicos ditirâmbicos,

asfixiando supérfluas manias

e respirando doces sílabas de harmonia!