Carnaval

Eu não era assim.

Porém,

a carne se instalou sobre o meu espírito...

Ele, que pairava sobre as águas,

Amparado pela força motriz do amor.

Não sabia do ódio, da dor,

Da mágoa, Sabia da água, da vida...

Agora, depois da carne, só sabe da lida,

O vento forte leva os cabelos,

Arrepia os pelos, dá fome...

Dor de dente do leão no dedo da gente...

E arranjaram-me até um nome...

Um defeito, um mal jeito, um mal feito.

A matéria pesa nos ombros e envelhece,

Conheci milhões de iguais, diferentes.

Que deterioram e perecem...

Mas o que há de mais incrível nestes seres

É que, a única coisa que eles vêem

É justo o que enferruja e apodrece...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 07/02/2017
Código do texto: T5905860
Classificação de conteúdo: seguro