Intimidade
Deitada em meus lençóis
Tu divagas sobre a vida
De forma tão linda,
Que ao som da tua voz
E sob acanhados meneios
Meus olhos passeiam
Em compasso sereno
Acompanhando a dança
Das tuas palavras.
Me encontro em cada uma delas,
E assim,
Por estar encantada com tuas alusões,
É só quando pausas
Para associar idéias
Ou até mesmo recuperar o folego
Que fixo meus olhos nos teus.
Pois neles me abstraio
Em sentimentos que palavras
Não descrevem.
E como em sonho que evoca realidade
Segredou-me ao pé do ouvido
Que me causa tamanho desconcerto
Pois tens olhos de coruja.
Olhos de coruja, olhos de coruja...
Em tom de cochicho repete em minha mente.
Sim, tu mesma revelaste
As palavras deste poema
E a razão de toda minha poesia.
Parece que para além dos olhos profundos,
Da coruja tens também a clarividência,
Pois em meio a olhares sinestésicos
Me desnorteio ao reparar
Que cada palavra tua
Elucida abismos de mim mesma.