Intimidade

Deitada em meus lençóis

Tu divagas sobre a vida

De forma tão linda,

Que ao som da tua voz

E sob acanhados meneios

Meus olhos passeiam

Em compasso sereno

Acompanhando a dança

Das tuas palavras.

Me encontro em cada uma delas,

E assim,

Por estar encantada com tuas alusões,

É só quando pausas

Para associar idéias

Ou até mesmo recuperar o folego

Que fixo meus olhos nos teus.

Pois neles me abstraio

Em sentimentos que palavras

Não descrevem.

E como em sonho que evoca realidade

Segredou-me ao pé do ouvido

Que me causa tamanho desconcerto

Pois tens olhos de coruja.

Olhos de coruja, olhos de coruja...

Em tom de cochicho repete em minha mente.

Sim, tu mesma revelaste

As palavras deste poema

E a razão de toda minha poesia.

Parece que para além dos olhos profundos,

Da coruja tens também a clarividência,

Pois em meio a olhares sinestésicos

Me desnorteio ao reparar

Que cada palavra tua

Elucida abismos de mim mesma.

Aline do Amaral
Enviado por Aline do Amaral em 12/03/2017
Reeditado em 12/03/2017
Código do texto: T5938708
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