HORRENDA CRIATURA

Estava eu, esta horrenda criatura do sertão, a me perguntar sobre a beleza das coisas.

O céu, beirando o colapso do dia, entregava-se rendido, sem forças, a noite que me cobrava à conta das horas.

Mais uma vez o ‘o que poderia ser’ torna-se história de um dia vivido. E mergulhado na escuridão noturna caçava eu o que dizer sobre o que eu nunca dissera.

O que passou já foi embora.

O que foi embora; foi embora, porque passou.

Eu e ela nunca mais nos encontramos.

Nunca mais dissemos que nos amamos.

Amávamos um ao outro como almas gêmeas.

Almas que sabem o que sentem.

Sabem perdoar;

Sabem deixar pra lá;

Sabem dizer sim ou um não, um não com perdão. Quem ama sempre perdoa: Eis a fraqueza do amante que na vida se atordoa.

Sabe eu fiz de tudo. Vesti luto por noventa dias!

Sabe eu a estendi a mão. Mas, ela não a viu!

Seus olhos como pequenas bolas de vidro congeladas estavam a olhar o tempo. Nem um beijo de irmão a faria despertar.

E eu pensei ser tudo.

E eu acreditei ser o rei.

E eu rezei a reza que ela não sabia.

E não disse a poesia, ou cantei a canção que nos levasse a algum lugar.

Ela era linda;

Ela era tão desejável quanto a mais bela moça de minha juventude.

Estava eu no fim do dia quando o sol some no horizonte lilás.

Hora que lembranças nos trás. Havia uma pequena que morava perto do Riacho Fundo. A menina encantou-se por um cavalheiro estranho. Diz o povo que no final de sete luas ela sumira no mundo. Ninguém sabe o paradeiro dos dois...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 19/03/2017
Reeditado em 19/03/2017
Código do texto: T5945622
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