Um Soneto bêbado (me perdoa, Rimbaud)

Sigo sonhando nesta atroz jornada,

capitão ébrio numa nau insana,

à deriva de Ítaca e sem grana,

sem previsão alguma de chegada.

Vou tangendo um alaúde, a madrugada

com sua lua me ilude e me dana,

e eu me comovo e bebo minha cana,

depois mergulho na água gelada.

Sou criador de outras estações,

muitas luas e sóis eu já vi,

saboreei mil carnes, corações,

meu coração mastiguei e cuspi.

Avanço ainda, busco mil razões

pras outras mil razões que já perdi.

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 10/04/2017
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