Mentiras sinceras
Lábios naturalmente rosados
Narravam experiências,
Que encaixadas no tom certo
Soavam tão particulares,
Que exprimiam essência.
E na mente me plantavam a indecisão
Entre o desejo de beija-la
Ou de querer ser mesmo ela.
Mas quando meus olhos mudaram a direção,
Encontraram os dela.
E desde então, só confusão.
Pois a boca a sorrir me contava histórias,
Que os olhos adoecidos não assinavam.
Experimentei o estanhamento
De perceber que não a conhecia,
Senti o gosto da realidade,
Eu quis mesmo chorar,
Perdi toda minha calmaria.
Se esse poema tu leres, menina
Não me entenda mal,
Essas mentiras sinceras
São só reflexo da pressão
Que nos faz acreditar que tudo é normal.
Quando a verdade é que nos perdemos
Entre ser quem a gente quer ser
E ser quem os outros desejam,
E mesmo que isentos de má fé
Acabamos até o fim da vida sem perceber
Que ideal mesmo seria ser só quem se é.