Mentiras sinceras

Lábios naturalmente rosados

Narravam experiências,

Que encaixadas no tom certo

Soavam tão particulares,

Que exprimiam essência.

E na mente me plantavam a indecisão

Entre o desejo de beija-la

Ou de querer ser mesmo ela.

Mas quando meus olhos mudaram a direção,

Encontraram os dela.

E desde então, só confusão.

Pois a boca a sorrir me contava histórias,

Que os olhos adoecidos não assinavam.

Experimentei o estanhamento

De perceber que não a conhecia,

Senti o gosto da realidade,

Eu quis mesmo chorar,

Perdi toda minha calmaria.

Se esse poema tu leres, menina

Não me entenda mal,

Essas mentiras sinceras

São só reflexo da pressão

Que nos faz acreditar que tudo é normal.

Quando a verdade é que nos perdemos

Entre ser quem a gente quer ser

E ser quem os outros desejam,

E mesmo que isentos de má fé

Acabamos até o fim da vida sem perceber

Que ideal mesmo seria ser só quem se é.

Aline do Amaral
Enviado por Aline do Amaral em 24/04/2017
Código do texto: T5979958
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