Por favor, levante-se.
Todo ano um Rodney King
Todo ano um Amarildo
Não ousais vós a reclamar
Ou serão taxados de iludidos
De Compton até o Capão
West Coast ao Morro do Alemão
Da carne preta extrai-se o sangue
Com o qual lavamos o chão
E por que ficamos omissos?
Por que aceitamos calados?
União só entre nós, brancos?
Índios e pretos que morram queimados?
Torturados, humilhados, em postes amarrados
Sem crime assassinados
Sem prisão julgados
Sem processo sentenciados
À morte, executados e jogados à sorte
Ao dará de um deus ausente?
Não, isso perturba meu consciente
Precisamos ouvir a voz
Que grita e chora na periferia
Tão perto e tão longe de nós
A escravidão até acabou
Mas a mentalidade permanece
Ninguém escuta os marginais
Nem Deus ouve-lhes as preces
É hora, irmão, de mudar esse cenário
De lutar por um mundo igualitário
Onde respeito e dignidade
Finalmente virem verdade
Não um adorno bonitinho
Pro seu discurso de vaidade
É massa postar no instagram
E lacrar no texto do facebook
Mas e quando você está na rua
Vê uma injustiça, você fica na sua?
Você reage e toma a frente?
Punho erguido, repreende?
Ou deixa passar pra fazer textão?
Não haverá mudança sem reação.
Com facho não há diálogo, irmão.
Não adianta ser o rei dos compartilhamentos
Se na rua ainda somos omisso ao sofrimento.