O CORPO E O TEMPO
Este corpo não me prende!
Não sou apenas gente.
Sou centelha que explode sementes em chamas e labaredas nesta lava incandescente.
Fogo-fátuo que emana em campo santo onde somos tantos ou mais que santificados em prantos.
Vejo a hora daquilo que me devora correr veloz no tempo que não demora.
Pele que me reveste me faz sentir o toque inconteste de sensações passageiras.
Minh'alma ligeira, ávida pelo caminho, busca tirar o máximo deste veículo frágil e volátil.
Sensação tátil que promana do mais profundo que de nós emana.
Ouço melhor neste silêncio que me fala.
Neste vento que sopra ramos de folhas das árvores contra o céu cinza chumbo prenunciando a chuva.
E o tempo que não para me faz sentir a ânsia das horas e a incômoda sensação de que há algo que passou por mim, mas que não percebi.
Ramiro Jarbas
03.08.2017